Pudesse eu ser o que não sou,
Seria ave para voar
E reencontrar
Tudo o que o vento me levou.
Peixe para nadar
Por entre a eterna fonte de vida
Ou árvore enraizada na terra
Que quando sua existência cessar
Partirá deste mundo erguida.
Pudesse eu ser o que não sou,
Seria uma gota de chuva
Que cai ignorada, nua.
O raiar do sol de uma tarde em Cuba
Ou a indiscreta lua
Que numa qualquer noite solitária
Me faz companhia, iluminando-me a rua.
Pudesse eu ser o que não sou,
Uma alma rebelde e livre,
Alma essa que um dia já tive.
Partiu e um pouco de mim levou.
Não quero ser mais nada nem ninguém,
Estou feliz com quem sou.