15/02/2011

Pudesse eu ser o que não sou

Pudesse eu ser o que não sou,
Seria ave para voar
E reencontrar
Tudo o que o vento me levou.
Peixe para nadar
Por entre a eterna fonte de vida
Ou árvore enraizada na terra
Que quando sua existência cessar
Partirá deste mundo erguida.

Pudesse eu ser o que não sou,
Seria uma gota de chuva
Que cai ignorada, nua.
O raiar do sol de uma tarde em Cuba
Ou a indiscreta lua
Que numa qualquer noite solitária
Me faz companhia, iluminando-me a rua.

Pudesse eu ser o que não sou,
Uma alma rebelde e livre,
Alma essa que um dia já tive.
Partiu e um pouco de mim levou.

Não quero ser mais nada nem ninguém,
Estou feliz com quem sou.

14/02/2011

Pequenos pedacinhos

Por entre escombros do que era
Relembro o que nunca fui
E aquilo que poderia ter sido
Enquanto meu "eu" rui.
Cai de maneira abrupta
Deixa para trás
Pequenos pedacinhos
De ternura e carinho
Que tanto gostava em pequenino.
Agora o moço está crescido
E já não os tem
E no fundo só procura alguém
Que lhos devolva.
Amor retribuido por entre olhares
Palavras de amor, mesmo sem saber...
É a magnificiência de amar sem querer.
E os pequenos pedacinhos
Que lá atrás deixei
De amor pleno
E tudo o que te dei:
Os de amizade e compreensão
Os de respeito e admiração
Os de apoteose e felicidade
Os de plenitude e cumplicidade...
Tanto preciso e nada me dás.
Podias dar-me o Mundo,
Podias dar-me tudo!
Seriam apenas pequenos passinhos.
Tudo o que eu queria
Era ter de volta aqueles pequenos pedacinhos.

Quem sou eu?

Sou eu, sou alguém.
Sou eu, um zé ninguém.
Sou tudo,
Sou nada.
Vejo uma porta, abro-a
E eu ao invés,
Mantenho-a fechada.
Que belo!
Que horror!
Amo amar,
Odeio o amor.
Adoro a vida!
A vida não presta.
"Tantas contradições,
Que coisa esta!
Larga já essa caneta!"

- Quem sou eu?
- Um louco!
- Não, um poeta.
 
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