20/05/2010

Vivências

Um passo de cada vez,
Tudo assim é construído.
Hoje não construo,
Reconstruo o destruído.
Inovo, origino
Idealizo, crio e faço.
Presságio garantido,
Assombrado pelo fracasso.
E desfaço
O que de errado
Outrora certo foi.
Necessário? Não, vital.
Interventiva crise existencial.
Dói, marca
Corrosivo ainda.
Mas não mata!
E por entre palavras,
Vou sobrevivendo.
Eu posso cair,
Mas cada vez que caio, aprendo.

Inspiração

De onde vens?
E afinal o que és?
Despertas momentânea dúvida,
Rendo-me a teus pés.
Sem ti,
Nada posso fazer.
Quando por ti chamo,
Fazes-me sofrer.
Recordas o que não merece ser recordado.
Ai, dor persistente!
Refugio-me sonhando acordado
E com as palavras levito
Esquecendo efémera existência.
A perseverança
A persistência
De quem não recua,
E sempre avança.
Cabeça erguida,
Há-de valer a pena, acredita.
Se necessário faz uma pausa,
Medita.
Mas nunca desistas
Pois o que aguardas há-de chegar.
Nada te posso garantir,
Só tento ajudar.
E tal como tu,
Eu espero-a.
Demorará?
Não sei. Vivo o hoje,
Logo virá o amanhã.

Caminhando para a morte

Aguardo, pacientemente
A tua morosa chegada.
Pressa, não a tenho
Mas despertas-me a curiosidade.
Como serás?
Tens rosto?
Como te apresentarás?
Para meu desgosto.
Um dia, reflectindo
Desejo orgulhar-me.
Olhar para a minha existência
E garantir que foi bem aproveitada.
Não seguirei essa estrada
Nem qualquer outra por outrem construída
Construirei com as minhas próprias mãos
A estrada da minha vida.

Traço permanente

Desenho com a esferográfica
Não com o lápis
Quero que o meu traço seja permanente.
Marco a diferença
Mas... Serei eu diferente?
Se tanta gente o proclama
Não fará de nós iguais?
Pois eu, falo por mim
E tenho a certeza que não.
Música alimenta a alma,
O espaço o corpo
E as letras o coração.

Vive o presente

O meu coração bate,
O sangue corre-me nas veias,
Eu vivo.
Mas por quanto tempo?
Epifania.
Tento aprender com os erros do passado
Luto por um futuro melhor
Mas só vivo o dia-a-dia.
Sempre assim foi, sempre assim há-de ser
O ontem foi um hoje,
Aproveitas-te como deve ser?

Mais um

Um génio adiado
Por vontade própria.
Princípios? Não os vendo.
Desvendo,
Mistério da vida
Que logo vem
E me inquieta
Enquanto poderosa reflexão
Me aquieta.
Futuro sonhado,
Culpa minha se o perco.
Apenas peço
Para ser percebido
E aceite.
Afinal a vida é minha.
A mim me cabem as decisões
E serei eu a arcar
Com as suas consequências.
Divergências?
De opinião ou ideias,
Há-las.
Não critico mas postulo
Eu é que regulo
A minha existência,
À minha maneira.
Talvez sem eira nem beira
Para quem não percebe
Ou não se esforça para perceber.
Mas pouco me interessa
E prossigo com o enaltecer
Da alma, do espírito, da mente.
Sou apenas mais um ser diferente.

18/05/2010

Falo com as palavras

Os olhos abrem-se, vagarosamente.
Acordo para mais um dia,
Dolorosamente.
A rotina...
Perpétua, incessante.
Paro e não penso,
por um instante.
Corrói.
A frustração,
Invade-me
E a minha alma dói.
A noite não cai.
Quero estar sozinho.
Falo então com as palavras.

A pedra perdida

Outrora magoei,
Hoje magoado.
Isolado.
Caminho pela solidão,
Sem sentido,
"Pobre coitado!",
Jamais!
Arrependido, errei
E emendei
O que para remediar não dava.
Sigo o abismo
Olho a estrada,
Vazia.
Chega abrupto
E tira-me a vida.
D'alma ferida.
Um dia ficas-te aquém
E pela tua pedra fui atingido
Um dia atirarei
Sem medo, com desdém
A minha pedra perdida.
Não olhem duas vezes
O errante arrependido
Prossigo.
Reconstruo o destruído
De cabeça erguida.
Muito perdi,
Orgulho ferido.
Mas caminho.
A vida segue
Não a perderei.
"Sozinho,
Coitado... Persegue
O que mais ninguém tem."




"QUEM NUNCA ERROU QUE ATIRE A PRIMEIRA PEDRA."

10/05/2010

Sorte

"A sorte protege os audazes."
Pois eu fiz para a ter
Agora por ela abonado
Não quero assistir ao seu desvanecer.

Mas de nada a sorte me servia
Se não existisse talento
Encontrei-te por acaso, um dia
E agora permaneces cá dentro.

O encontro

Vivências, pensamentos
Ideias e sentimentos.
Sois matéria prima
Da tão obreira Poesia.
E deste vosso eterno amante, escritor
Espero em vós permanecer, um dia.
Eternamente, quem sabe?
Um objectivo de vida.
No meu corpo tudo não cabe
Incerteza, já sabida.

Interrupção momentânea

As interrupções criativas
Também são saudáveis!
Um momento de retiro,
Criação de momentos memoráveis.
Mas contigo tudo partilho
E através de ti tudo relato.
Teu amado filho,
De cada teu verso, crio o meu retrato.

Vai sendo...

Sou e não sou, vou sendo...
Numa existência que é e não é, vai sendo...
Num mundo que é e não é, vai sendo...
Vai sendo...

Matéria prima

Pensamentos adiados
Desaguam-me na alma.
E como olhos cansados,
Fecham-se com toda a calma.

Dentro de mim
Onde mais ninguém vê
Pensamentos sem fim,
Em que mais ninguém crê.

Pois eu não os revelo
Apenas levanto o véu.
Quem sou eu para definir belo?
Avalio apenas o que é meu.

Afinal, pensamentos...
Não é bom adia-los.
Frustrados, como sentimentos
Mais vale expressa-los.

Dor

A dor perdura
Tornando-se uma tortura
Mas quão insignificante é, mesmo sem saber!
Tudo o que preciso, já tenho
Para te exorcizar de mim.
Só precisava de te escrever!

Sabedoria

Voraz, devoro sabedoria
Quero mais, sempre!
Sem vos morreria
Tudo me sois mas não indiferente!

Porque sem vós,
Escrever? Podia.
Mas dais-me a voz
Para vingar, um dia.

Poderia escrever, sim
Mas sem o brilho
Que me forneceis,
Estais em mim
E por vós anseio...
Sabedoria sem fim!

Caminho acompanhado

Caminho em direcção ao infinito
Pelo caderno e esferográfica sempre acompanhado
Não estou sozinho, medito.
Seguem-me para todo o lado.

Mais que necessários, essenciais
Nada existe de mais importante
Elabora rascunhos de mensagens, relatos.
Para os demais,
Escrevo orgulhoso e incessante.

Sinto minha vagabunda alma
Vagueando, a palpitar.
Sempre com toda a calma,
Sussurrando-me: "Não irei parar."

Alma errante

No purgatório que é a vida
Impossível evitar.
Impetuoso julgamento
Caminhando para nos castigar.

Acompanhado por sombras do passado
Erros não assumidos.
Não olhemos para o outro lado,
Não fiquemos consumidos.

Assumamos tudo o que fazemos
Positivo ou negativo,
Obra nossa.
Resultado do desejo, do que queremos
Nos persegue com toda a pressa.

Nostálgico

Relembro hoje um passado
Que outrora foi presente.
De nada me arrependo
Se não do que não fiz.
E como desde sempre se diz:
Se arrependimento matasse...

Cai de mansinho

A chuva cai...
E reaviva memórias
De um passado não longínquo.
Nostalgia.
A chuva cai...
E cria o seu labirinto
De vivências de uma outra altura,
De uma outra vida,
De um outro ser.
Ambígua.
A chuva cai...
E deixa no ar um aroma
De erva molhada.
Agradável.
A chuva cai...
E faz-me sentir pessoa, gente.
A chuva cai...
Coitado de quem não a sente!

Cá te espero

Sozinho, à janela, espero-te.
Cai sobre mim,
Como sempre fizeste.
Não lamurio,
Tornou-se um hábito.
E hás-de chegar, eu sei.
Mais tarde ou mais cedo,
Acabaras com o meu desespero,
Simplesmente caindo sobre mim.

04/05/2010

Um fim inacabado

Hoje canto o nosso pranto
Demonstro o meu luto
Todo o encanto
Perdido num minuto.

Duas vidas, uma história
Completamente inacabada
Agora sobrevive apenas na minha memória
E eu, não sirvo de nada.

Mas como foi possível?
As culpas são divididas
Tu, tão insensível
Deixaste-o partir das nossas vidas.

Luto mas as forças esgotam
Tanto há a construir
De sublimes palavras brotam
Dois corações, uma vontade de não desistir.

Ontem, hoje e amanhã ou um anel de rubi?
A ti te cabe escolher.
Pois eu já decidi,
E optei por não nos deixar morrer.

03/05/2010

Marca a diferença

Não escrevo, para aos outros agradar
Escreve como, quando, onde me apetece
Sobre o assunto que quiser relatar.
Por vezes perceptível, por vezes não
Subjectivo, sujeito a opinião.
Não forço a vontade, flui naturalmente
Da minha mão,
Suaves e doces palavras
Traduzem a minha mente.
O meu pensamento
Ora alegre, ora melancólico
São tambem profundos sentimentos
De momentos pictóricos.
Nada mais tenho a acrescentar
E lembra-te, sempre:
Não me podes criticar sem me superar,
Sê diferente.

O meu contributo

Escrevo-te hoje em verso,
Nas entrelinhas sublime mensagem
E em belas palavras submerso
Convido-te a juntares-te a mim, nesta mágica viagem.

Viajemos juntos para a terra do sonho
Onde a imaginação predomina.
Satisfeito logo me ponho
Pois a minh melancolia já não me domina.

Meu refúgio, doce
Desta realidade traiçoeira,
Se a existência assim fosse
Em ti não passaria a vida inteira.

Mas assim o faço
Pois este é o meu mundo
Em cada meu traço,
Sentimento profundo.

Desejo-te, a toda a hora, a todo o instante
Mais que um refúgio, um mundo só meu,
Pensamento de alma errante.

Se hoje escrevo,
Graças a mim!
Apenas a mim o devo,
A ninguém devo agradecimentos sem fim

Por me ter aberto esta porta.
Influências? Não as tenho
Sou eu, ninguém mais. Só isso importa.
Não me baseio na obra de outrem, mas também não desdenho.

O meu desenho
Figura em letras planas, frias e impalpáveis
Procuro mais do que tenho,
Tornar os meus sonhos realizáveis.

Tudo se torna alcançável
Para isso basta lutar
Em cada rima, amável
Demonstro a vontade de os braços não baixar.

Não desisto,
Nunca me ouvirás queixar
Ainda hoje persisto
Tentando neste mundo vingar.

Não sigas o meu exemplo!
Isso seria impróprio...
Olha bem para dentro
Mas acima de tudo, sê tu próprio!

Não sigas o meu exemplo,
Mas usa-me como inspiração.
Não sigas o meu exemplo,
Mas versa os poemas que te vão no coração.

E um dia,
Grita ao mundo que eu existi.
Relata com alegria
O que eu fiz por ti.

02/05/2010

Sofro

Deixo o meu legado, escrito
Partirei para algum outro lado
Maldito.
O desespero e as lágrimas
De quem sofre sem medida
Uma vida, perdida.
Tamanho sofrimento não se aguenta.
As letras que escrevo
Carregam este sentimento
E sofrem comigo.
Mais que um porto de abrigo,
Sois vida.

Feliz dia da mãe, mãe.

Em cada traço teu,
Revejo-me.
Invejo-te a vida
Dura e crescida,
Desde sempre.
Tu que me troxes-te ao mundo,
Este escritor vagabundo
A quem amas
E quem te devolve o amor
Em cada letra, poema ou louvor.
Conheces-me melhor que ninguém
E tudo sempre me deste,
Tudo por mim sempre fizeste.
Embaraçado, pois também já te fiz sofrer
Peço-te desculpa
E não deixo de prometer
Que não mais o farei.
As palavras escasseiam
Mas tudo fica dito,
Neste pequeno poema
Do fundo do coração escrito.
Sem reparar, outrora perdia-te.
Lentamente tu partias.
Hoje escrevo-te a minha admiração
E lembra-te:
Dia da mãe não é só hoje,
É todos os dias.


P.S. - Desculpa e obrigado por tudo. Admiro-te e amo-te minha mãe.

Ambíguo

Risonho por fora,
Triste por dentro
Demonstro assim ambiguamente
Este sentimento
Que não mata mas corrói
O meu ser frustrado
Procuro mas não encontro
Uma saída em nenhum lado.
A minha vida dá mil voltas
Que não consigo perceber
Questiono-me se mereço
O que estou a sofrer.
Perguntas são imensas,
Respostas escasseiam
Invejo aqueles intocáveis
Que nada receiam.
Um castigo de Deus
Pelos nossos pecados
Dezassete anos marcados
Por momentos despedaçados
Espelhados agora,
No meu triste ser
Volto a cogitar
Mas não consigo entender
O que se está a passar,
Desenho a minha conclusão:
Agarra o teu destino,
Ele está na tua mão.

Maus sonhos

Sonhos...
Muitos chamam-nos de casa
Mendigos do devir
Refugiam-se neste castigo de Deus
Porventura devido à desventura
De um presente despedaçado
Marcado por um passado desfigurado
Vivendo com as suas marcas eternamente.

Vivem mas não vivem,
Sobrevivem na incerteza
À espera de algo ou alguém,
Dádiva de um rosto que não conhecem.

Aguardam a sua glorificação
Culpabilizando-se por algo que não têm culpa
Meros observadores da vida
Apanham o comboio da ilusão
Partindo para um destino incerto
Mas certamente deixando de viver.

Tornando-se prisioneiros
Na convicção que são
Mais livres do que nunca
A esperança que lhes dá força para sobreviver
Destrói toda uma vida
Sem dó nem piedade.

Pois eu digo-vos:
Sonhos há muitos.
Vida há só uma.

01/05/2010

Para vós

Ainda tenho uma palavra a dizer
No decurso da história
A decorrer.
Muito para provar
A quem em mim não acredita.
Aqui fica mais uma,
Pura intervenção escrita.

Penso por mim mesmo

Caminho por onde quero
Não por onde me indicam
Outros não o fazem
E mesmo sem moral, criticam.
Mas o que dizem,
A ninguém interessa
Eu sou original,
Em cada minha peça.
Orgulhoso criador
De um universo paralelo
Com muito amor,
Escrevo em tons de amarelo.
Vermelho, verde,
Azul ou magenta,
Entra,
E poderás escolher
Acolher,
O meu mundo
E garanto-te.
Não te irás arrepender.

Até um dia

Cresço e aprendo
Em cada verso que escrevo
E repreendo
Aqueles que não o fazem.
Saio de dentro de mim,
E flutuando, observo-me
Numa impaciência sem fim.
Trilhei caminhos de que me arrependo
Mas olhando para trás, tudo valeu a pena
Vivi aventuras sem fim,
Hoje espelhadas num poema.
Mas a idade, ainda tenra
Mais não me permite.
Não tenho pressa para crescer,
O céu é o meu limite.
E vou escrevendo
Pois esta é a minha necessidade
Pensamentos efémeros
Brilhando de ingenuidade.
Exteriorizo,
A vida com um sorriso
Tudo o que cá dentro
Me atormenta
Mesmo sem querer
A minha criatividade fomenta.
Hei-de parar um dia
E espero ser reconhecido
Não quero viver a morte,
E no anonimato ser esquecido.
 
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