27/04/2010

Meu anjo, um sentido

"O tempo perguntou ao tempo
Quanto tempo o tempo tem?
O tempo respondeu ao tempo
Que o tempo
Tem quanto tempo o tempo tem."


Mas este tempo que tarda e não passa
E como uma lança em chamas trespassa
Meu pobre coração,
Com a dor de quem espera e não alcança
O sabor da doce ilusão.
Ohhh...! Sinto-te no meu peito
Mansinha e cautelosa esperança,
Mas asas não tas darei, não.
Não mereces tal liberdade
Mesmo acreditando veemente
Na possibilidade
De uma concretização.
Quem ama, de olhos fechados caminha
Seguro por apenas uma mão
Uma voz que guia
Toda uma vida, um momento, uma emoção.


Trespassa meu coração
E aconchega tenra e ingénua alma
Sem dó, piedade ou calma,
Sem o pronunciar de um se não.
Vem, mas vem de mansinho,
Magoa mas com carinho
Este coitado,
Mas eterno escritor
D'alma e coração.

A cada palpitar
De meu frágil coração
Sinto o tempo a escassear
Pelas palmas da minha mão.
Busco, sem saber o que procuro
Numa demanda que julgo eterna
Viro e reviro
Tão madrasto destino
Que de figura paterna
Não revelou um padrão.


Permance dolorosa questão
Vagueando pela minha mente
Na dor de quem sente
Temível aberração.


Como que renascido
Um Homem sem precedentes
Procura tudo o que lhe é devido
Por todos os inocentes.
Finalmente encontrei-te
Meu anjo.
Tua entrega, pureza,
Angelicalidade e beleza
Devolveram a vida
A este pobre mortal
Que não procura nada mais
Se não um final.

A incessante espera
Deu frutos ao encontrar
Suave imagem de Deus na terra.

Agora procura tu também o teu sentido
Mesmo que o tenhas perdido,
Encontra-ló-às...
Talvez nestas ambiguas palavras
Talvez um pouco mais atrás.

3 comentários:

  1. Belíssima ideia, esta do blog, José Luciano!
    Visitá-lo-ei, certamente.

    Os meus Parabéns.

    Elsa Cerqueira

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  2. No título sobressai a profundidade de quem pensa e sente "filopoeticamente"!
    A música é muito bonita e o design apelativo: fundo preto - como gosto - a contrastar com as cores dos caracteres.
    Adorei!

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  3. Meu querido José Luciano
    Mas que enoooorme surpresa!
    Que prazer ver-te, ler-te, sentir-te aí, desse lado, a arriscar!
    Corre riscos, José Luciano, corre o risco de pensar, de expor o que te vai na alma, corre o risco da partilha, porque na partilha ganhamos todos por crescermos amparados.
    E que bonito está o teu blogue - preto e vermelho - uma beleza em sobriedade.
    E que bom ser por aqui recebida por esta beleza de música suave, imensamente triste, mas igualmente duma ternura sem fim.
    Vou anunciar o nascimento do teu blogue no meu, para ficarmos ligadinhos.
    Ok! Já estamos! Já estávamos.
    E já tens 17 anos?! Bolas! Estou velha!
    Beijinhos grandes e fofinhos com saudades das "nossas" aulas!
    Muuuuuuaaaah!

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